MIROU EM PLÍNIO MARCOS, MAS ERROU POR MUITO
Com nome bem sugestivo para uma série de TV, Os Últimos Dias de Gilda é baseada no monólogo de Rodrigo Roure para teatro. O texto foi levado aos palcos pela primeira vez em 2004, e em 2018 foi reinterpretado por Karine Teles (Hebe, 2019). Mas se o texto já era fraco para os padrões de um monólogo, quem seria capaz, então, de imaginá-lo ganhar uma série televisiva?
Recebi 4 episódios para assistir, mas a verdade é que mal dá pra passar do segundo, tamanha a irritação ao ver algo de tamanho mau gosto. Trata-se de uma obra mal feita e mal produzida, que tenta imprimir uma estética teatral em algumas cenas, mas com ausência de cenários, optando apenas por um fundo preto, com os atores em destaque. Coisa que até poderia ser interessante, caso fosse bem utilizada, mas aqui parece resultar apenas da falta de imaginação. O texto é mal escrito, com os diálogos sendo mal executados. Chega a parecer que nem mesmo os próprios autores sabem o que querem dizer.
A série joga na tela algumas frases sem sentido, escritas em uma tela vermelha, semelhante a um Powerpoint de palestra de botequim. Tudo é tão feio que até parece ter sido feito por algum canal pequeno do You Tube. Em resumo, não há bons diálogos e muito menos um bom roteiro em Os Últimos Dias de Gilda. Por isso mesmo, a série apela para cenas de sexo a todo momento, sem qualquer necessidade, incluindo até mesmo para um ménage (sexo a três) que surge a esmo. Tudo com o aparente objetivo de mostrar que a protagonista é uma "predadora sexual" com cara de tia veia.
Numa determinada cena que ocorre no supermercado, ela recebe uma cantada de um jovem rapaz que, do nada, elogia seu sapato. Detalhe: a produção nem mesmo faz questão de nos mostrar o tal sapato, para avaliarmos se ele era mesmo bonito ou não. E ela tenta explicar que na verdade não era um sapato, mas sim uma sandália; numa cena de vergonha alheia que, pra variar, termina com os dois na casa dela, fazendo sexo. O roteiro é mesmo tão perdido que um dos personagens, Ismael (Igor Campanaro), que deveria ser um evangélico, quer ser vereador e para isso busca ajuda de uma umbandista. A protagonista Gilda (Karine Teles).
O rapaz se apresenta em sua primeira fala como kardecista, portanto é espírita e não evangélico, como a série deseja imprimir. Realmente é fato que os roteiristas não sabiam o que estavam fazendo quando escreveram essa coisa que, pretensamente, quer abordar preconceitos de caráter religioso, aceitação do corpo, liberdade sexual, tráfico, milícias, etc. Coisas que Plínio Marcos (1935 - 1999) fazia com maestria. Enquanto a série só nos oferece: estética ruim, diálogos pobres e roteiro sem graça.
Criação e direção: Gustavo Pizzi.
Classificação: 16 anos.
Disponível no Globoplay.
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