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O MESTRE DA FUMAÇA



BOA PIADA, MAS QUE DURA O TEMPO DE UMA TRAGADA


por Ricardo Corsetti


Os jovens diretores e roteiristas estreantes André Sigwalt e Augusto Soares tem, sobretudo, o mérito de terem bancado - com recursos próprios - um longa-metragem, diga-se de passagem, num país onde, nos dias de hoje, nem mesmo bilionários, herdeiros de banco, etc; ousam produzir um filme de forma totalmente independente.

Muito melhor em termos de atitude do que de resultado propriamente dito, O Mestre da Fumaça diverte com sua inusitada proposta: combinar o clássico Kung Fu chinês, com, digamos assim, muitos quilos de uma certa "erva natural".


O problema é que, conforme já era de se esperar, a eficiência da "piada" dura o tempo de uma boa tragada e, no decorrer da trama, acaba se perdendo e cansando um pouco. Sem dúvida, a ideia funcionaria muito melhor num curta-metragem, por exemplo.


Ainda assim, o simples fato de vermos um típico "filme de gênero" no estilo ação/artes marciais, sendo realizado num país que, há muito tempo, parece ter desaprendido a fazer filmes de gênero propriamente dito, já é digno de nota.


No entanto, a coreografia das cenas de luta nem sempre convence e apresenta algumas claras limitações que comprometem a verossimilhança. Porém, conforme foi mencionado pela própria dupla de diretores/roteiristas durante coletiva de imprensa pós sessão de cabine, houve pouquíssimo tempo para preparar os atores (quase todos não familiarizados com o universo das artes marciais, aliás) devido às claras limitações orçamentárias típicas de uma produção independente. Descontinho para eles neste sentido, portanto.

O ponto alto de O Mestre da Fumaça, sem dúvida, é a presença do ótimo Tony Lee (Made in China, 2014) vivendo tanto o próprio mestre da fumaça do título, como também a matriarca de um clã mafioso que só fala chinês, quase irreconhecível, graças à ótima qualidade de sua atuação.


Livremente inspirado no ultra-clássico primeiro filme estrelado pelo astro chinês Jackie Chan, Big and Little Wong Tin Bar (1962), O Mestre da Fumaça diverte com boa eficiência, apesar de suas limitações técnicas e em termos de desenvolvimento de roteiro. Mas vale uma conferida.


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