FILME DE CANTINHO
por Antônio de Freitas
A Vingança de Jack é uma continuação de Jack Estripador: A História Não Contada (Ripper Untold, 2021) e apresenta um dos personagens principais deste filme como o personagem central da trama, que continua uma tal história não contada sobre o infame assassino que aterrorizou Londres. História esta que apresenta uma informação que se transforma em um - até criativo - “plot twist” (ponto de virada) que nesse segundo filme é o gatilho para a trama e mostrado logo no início. Portanto vai ser difícil falar sobre a trama deste filme sem contar a tal revelação do primeiro.
O jornalista Sebastian Stubb - interpretado por Chris Bell (A Herdeira, 2021) -, após a notoriedade e lucros obtidos com a exploração de manchetes exageradas sobre o famigerado assassino, vive tempos bicudos com a falta de trabalho. Um ano passou depois da interrupção da matança de Jack Estripador e Stubb mora com uma namorada que se prostitui nas ruas de Londres. Sua vida está muito complicada, as dívidas se acumulam e acabou de chegar um aviso de despejo por parte da dona do imóvel. A situação piora no jornal onde faz bicos quando, do seu jeito peculiar, exagera na notícia de um simples desaparecimento. Uma carta chega e nela um homem se apresenta como sendo o verdadeiro Jack Estripador, anuncia que está de volta e ainda dá pistas sobre quem é e onde está sua vítima.
A partir daí, assombrado por suas ações no primeiro filme, Stubb vai se jogar na caça do assassino, ameaçado pelo jornalista concorrente e com a dúvida sobre a autoria da carta. Seria o infame Jack estripador ou apenas um copiador? Qual o motivo de tê-lo contatado? Se apresentando como repórter, ele vai agir como policial e se deixar envolver de novo em um redemoinho de mistérios.
O diretor/roteirista Steve Lawson (Ripper Untold, 2021) deve ser uma pessoa bem peculiar. Escreve, produz e dirige filmes com um orçamento mínimo que fica muito aparente, apesar de dar para notar que ele se esmera nos diálogos, direção de cena e decoração de sets muito pequenos, que não dão nem oportunidade para os atores se mexerem por ali. Então as cenas se resumem em atores meio espremidos em cantinhos de cenário que até estão decorados com certa atenção.
Quase tudo é feito em planos médios e closes que, com uns diálogos até bonzinhos, em cenas longas de muita conversa fiada com discussões sobre a ética na imprensa e a capacidade de um homem assumir seus erros. Está na cara que não tem nem sets suficientes para cenas de ação. Há pouquíssimas cenas externas e algumas imagens da cidade de Londres, que foram retocadas para parecerem serem do final do Século XIX. Pipocam aqui ali para sempre lembrar onde a história se passa. Tudo isso acaba dando a este filme um ar de filme barato de televisão dos anos 70.
Apesar da pobreza de recursos, ele até consegue uns enquadramentos emocional e plasticamente bonitos, que nos faz ficar curiosos quanto ao modo em que o filme foi feito. E até perdoar os objetos que se repetem, além de uma irritante estante moderna (daquelas de montar) que aparece em várias cenas. A impressão que dá é que, se tiver um orçamento maior, este diretor será capaz de entregar um filme de respeito. Este é uma obra que só nos gera essa curiosidade. Apenas isso.
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