Os excluídos de nossas mentes
A principio, o drama fantástico canadense Antologia da Cidade Fantasma lembra aspectos do roteiro de A Vila (M. Night Shyamalan, 2004), mas bastam os minutos iniciais para compreendermos que trata-se, sem dívida, de um filme merecedor de prêmios por sua fotografia e roteiro.
O titulo se encaixa perfeitamente na proposta do diretor Denis Côté (Bestiário, 2012), incluindo a atmosfera dada cena a cena. A cidade, que possui pouco mais de 200 habitantes, sofre repentinamente a perda de um cidadão local que abala as estruturas psíquicas dos moradores, fazendo assim com que libertem seus fantasmas adormecidos.
Côté, optou por utilizar uma câmera 16 mm para rodar o filme, o que proporciona uma qualidade excepcional e minuciosa ao desenvolvimento do roteiro. A fotografia, ao aproveitar muito bem os detalhes brancos e frios da neve local, antecipa o quão tenebroso o desenrolar da trama se mostrará mais adiante, conforme o clima sobrenatural se instaura na história. O tempo é arrastado e não parece ter fim, causando - propositadamente - um incômodo no público..
A trama não se limita a um personagem central isolado, caminha por todos os moradores da pacata cidade, fazendo com que o expectador se sinta como um morador local que também tenta entender e se adaptar às mudanças.
É uma obra sensível e de qualidade, para refletir sobre passado e futuro, que de certo modo apresenta pequenos pequenos problemas, tais como a falta de um melhor acabamento à narrativa e dubiedade entre drama e terror.