Uma autêntica ode ao americanismo
Em Ford vs. Ferrari, dirigido por James Mangold (Os Indomáveis, 2007), vemos uma autêntica ode ao american way of life, ou em outras palavras, uma verdadeira exaltação ao estilo de vida norte-americano e sua evidente exportação, via cinema, ao restante do mundo.
Mas não estou aqui fazendo necessariamente uma crítica ao filme propriamente dito, pois ele possui diversos elementos que caracterizam o que há de melhor no estilo norte-americano de fazer cinema: ritmo ágil, narrativa fluente, extremo rigor técnico e personagens carismáticos.
Não por acaso, ao contrário do que chega a ocorrer em muitos filmes "autorais" com apenas 1 hora e meia de duração, as 2 horas e 33 minutos de Ford vs. Ferrari realmente não pesam em momento algum, pois o desenvolvimento da narrativa flui muito bem graças ao talento e perícia de Mangold como diretor e também, é claro, às eletrizantes cenas de ação que permeiam boa parte da trama.
Embora inspirado em fatos reais sobre como a gigante norte-americana Ford - embora sempre caracterizada por produção de automóveis padronizados e em grande escala - de repente, sobretudo por questões de marketing, acabou entrando no universo do automobilismo para, literalmente, bater de frente com a italiana Ferrari, tradicional campeã invicta no segmento. É fato que em termos estéticos, narrativos e de montagem, Ford vs. Ferrari bebe na fonte daquilo que Hollywood melhor já produziu no gênero ação, como por exemplo no ultra-clássico Bullit (1966), dirigido por Peter Yates e estrelado pelo semideus do cinema de ação setentista Steve McQueen.
Aliás, o ícone da década de 70 é aqui, de certo, personificado pelo - nem um pouco galã, mas extremamente talentoso - Christian Bale (Vice, 2019). Enquanto, por sua vez, o inevitável contraponto em termos de bom mocismo à postura de "bad boy com bom coração" encarnada por Bale fica a cargo do igualmente competente Matt Damon (Interestelar, 2014).
Veredicto final: Ford vs. Ferrari é mesmo a essência do americanismo, seja em termos de estilo de vida, seja em termos de cinema propriamente dito. Mas, quer saber? Bastaria dizer que trata-se de um ótimo filme.