Crocnado? Não, algo melhor que isso
Se for feito um pequeno resumo, até pode parecer que Predadoras Assassinos é uma versão “Croc” daqueles infames filmes trash com tornados carregados de tubarões. Tenho certeza que alguma língua ferina vai chamá-lo de “Crocnado”. Mas é produzido pelo todo poderoso Sam Raimi (Trilogia do Evil Dead e a primeira do Homem Aranha) e dirigido pelo francês Alexandre Aja que nos entregou dois ótimos remakes: Viagem Maldita (The Hills Have Eyes, 2006) e o deliciosamente trash Piranha 3D (Piranha 3D, 2010). E isso faz uma enorme diferença!
Há uma pequena introdução que nos apresenta Haley, interpretada pela bela e ótima atriz Kaya Scodelario (Maze Runner, a Cura Mortal, 2018). Ela é uma universitária da Flórida que se dedica com afinco ao esporte de natação para se manter na faculdade que lhe dá uma bolsa de estudos ligada à sua performance nas raias. E ficamos sabendo que o seu pai era seu técnico no passado e ela se afastou dele por não perdoar o fato de não ter lutado pela manutenção do casamento com sua mãe que saiu por aí com um cara que nem sabemos quem é. Sem o estímulo do pai, a moça anda tendo resultados abaixo do esperado e se encontra deprimida. Após ter perdido uma competição que termina umas poucas horas antes de uma ordem de evacuação devido à aproximação de um furacão de categoria 5, ela recebe a ligação de sua irmã que está preocupada com o pai que não está atendendo o celular. Engolindo com dificuldade sua mágoa com o pai e ignorando os avisos dos oficiais da defesa urbana, ela parte em direção aos pântanos da Flórida onde está a casa onde residia sua família que foi posta a venda. Ao chegar ali, encontra no apartamento do pai, o cachorro da família sozinho. Este um tipinho feioso, mas dotado de uma grande simpatia que vai fazer o público ficar muito preocupado com sua segurança.
É incrível como eles conseguem fazer parecer natural seu comportamento em todas as cenas. Haley pega o cachorro “feioso fofucho” e vai em direção à casa onde morava esperando encontrar seu pai. E encontra, mas o problema é que encontra outros seres. Uns tipões de couro duro, rabudos e providos de dentes bem grandes. A inundação trouxe uma série de jacarés para aquela região e seu pai está em uma situação nada agradável, por isso não atendia o celular.
Haley vai ter que salvar o pai e depois a si mesma enfrentando uma situação que a força a confrontar e resolver sua mágoa com o pai. Os dois vão ter que resolver suas diferenças e enfrentar os famigerados lagartões. Um clichê muitas vezes usado pelo cinema de ação que aqui é feito com maestria.
O filme entrega o que promete. Tem suspense, drama, sustos, sangue na medida certa e tudo sem apelação. Não tem muita coisa de original, até podemos identificar cenas e resoluções utilizadas em outros filmes envolvendo essas lagartixas bombadas, mas que aqui funcionam muito bem. Alexandre Aja e Sam Raimi sabem o que fazem. Fizeram um filme “legalzão”.
A produção é eficiente com cenários muito bem cuidados que nos convencem que aquilo tudo se passa na Flórida apesar de umas mentirinhas como o porão típico de outra região dos Estados Unidos. E o filme foi todo realizado na Sérvia, talvez para abaixarem os custos. Os efeitos em computação gráfica funcionam muito bem assim como os de animatrônica que nos dão cenas para lá de Gore. Uma delícia para os fãs de “medão & cia” que vão se divertir com esse suspense “crocodilamente” honesto.