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NÃO SE ACEITAM DEVOLUÇÕES


Finalmente chegou a vez de Leandro Hassum

ser reconhecido como grande ator dramático

Conhecido por suas comédias arrasa-quarteirão, o ator Leandro Hassum surge na refilmagem da dramédia Não Se Aceitam Devoluções mostrando sua versatilidade dramática ainda pouco reconhecida pelo público.


Dirigido por André Moraes (Caindo Numa Roubada, 2015), é uma refilmagem do mexicano Não Aceitamos Devoluções (Eugenio Derbez, 2014), a maior bilheteria do México - com 18 milhões de ingressos - e filme hispânico de maior sucesso nos Estados Unidos. Depois foi feita a versão turca Sen Benim HerSeyimsin (Tolga Örnek, 2016) e a francesa Uma Família de Dois (Hugo Gélin, 2017), considerada a melhor delas.


A história é sobre Juca (Hassum), um conquistador de mulheres que utiliza a mesma cantada para todas e se afasta quando elas falam em casamento. Tudo muda quando uma delas - Brenda (interpretada pela cubana Laura Ramos) - lhe entrega Emma, a filha de ambos, e desaparece. Com sua vida de pernas pro ar, vai até os Estados Unidos em busca da mãe de sua filha e torna-se dublê de cinema por acaso. Ele faz de tudo para que sua filha seja feliz - até inventar "mentiras saudáveis" sobre a ausência de Brenda -, mas como já seria de se esperar, alguns anos depois a mãe da menina volta querendo levá-la embora.

Vendido como uma comédia - gênero em que o protagonista se consagrou - é uma dramédia com pitadas novelescas. Após muitos anos vendo Hassum acima do peso e interpretando personagens engraçados, é curioso vê-lo no papel de um conquistador e dificilmente outro ator teria melhor desenvoltura em transitar da comédia para o drama. Ele já havia mostrado em trabalhos anteriores que tem essa capacidade, porém, estranhamente, parece que o público e a crítica ainda não haviam se dado conta disso.


Manuela Kfouri, que interpreta Emma a partir dos sete anos, é uma boa escolha, apesar de não chegar ao ponto do velho ditado cinematográfico de que crianças e animais sempre tem chance de "roubar a cena". Aqui a jovem atriz não chega a tanto, mas tem futuro.


Apesar de corajoso, o final fechado do roteiro adaptado pelas autoras de telenovelas Ana Maria e Patrícia Moretzsohn talvez não fosse o ideal para a trama, mas provavelmente alavancará a ida do público aos cinemas e o boca a boca favorável do público médio.


Este filme é mais uma prova de que o investimento e desenvolvimento do nosso cinema possibilita a diversificação de temas, gêneros e caminhos escolhidos, fazendo com que a velha crítica de que "cinema brasileiro é tudo igual" cada vez mais cai por terra e podemos provar que temos talento para fazer qualquer gênero cinematográfico.


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