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DIVÓRCIO


O novo arrasa-quarteirão do cinema nacional

Chega aos cinemas o novo arrasa-quarteirão nacional: Divórcio. Assinado por Paulo Cursino (da franquia Até que a sorte nos separe) e Angélica Lopes (Uma Loucura de Mulher, 2015), o filme surgiu a partir do argumento do produtor L. G. Tubaldini Jr (O Concurso, 2013). Sabiamente, o produtor uniu a experiência do roteirista de maior sucesso de bilheteria do país com o jovem diretor Pedro Amorim (Superpai, 2014), que em seu terceiro filme mostra que - com um bom roteiro - tem força para segurar o espectador por duas horas na poltrona.


Na trama, Júlio (Murilo Benício) casa-se com Noeli (Camila Morgado) contra a vontade do pai dela, interpretado por Antônio Petrin. O casal faz fortuna ao criar um molho de tomate batizado de Juno. Com o dinheiro e o passar do tempo, o casal vai se afastando até chegar à decisão de se divorciar. Daí surgem os advogados inescrupulosos, as chantagens emocionais dos filhos, tentativa de novos relacionamentos e todo tipo de situação decorrente.


Ambientado em Ribeirão Preto/SP, o filme traz frescor ao apresentar uma história que se passa fora do eixo Rio - São Paulo que se aproveita dos regionalismos, como a personagem ter que caminhar com um sapato caríssimo numa estrada de barro que a leva à sua casa, o hábito de frequentarem shows sertanejos e coisas do tipo. Além disso, tem momentos divertidos ao ironizar a cafonice dos novos ricos e a necessidade de estar sempre conectado ao mundo virtual, ainda que vivendo-se num presídio. Tudo isso sem nenhuma escatologia, tão criticada em nossas comédias, por vezes de forma injusta.

Apesar de jovem e em seu terceiro filme, o diretor consegue extrair o melhor de seus atores. Os protagonistas estão impecáveis com seus sotaques caipiras e conseguem ser engraçados sem serem caricatos. Cada vez mais, Camila mostra que é muito mais completa do que se imaginava. Consegue ser tão eficiente na comédia quanto no drama, deixando de lado a fama que tinha de ser uma atriz apenas para papeis trágicos.


Entretanto, talvez a maior virtude de Pedro Amorim tenha sido conseguir um elenco secundário afinadíssimo. Com Direção de Elenco da experiente Marcela Altberg, traz Luciana Paes e Thelmo Fernandes, como amigos do casal, André Mattos e Angela Dippe, como os advogados, Paulinho Serra, Gustavo Vaz no papel do cantor sertanejo Catanduva, o estreante Jonathan Well como namorado da filha mais velha do casal e a atriz mirim Flávia Martins. Todos eles brilham mesmo que tenham pequenas participações, algo raro em nossos filmes.


O cinema sempre debateu a questão do cinema "de autor" versus o cinema popular. É importante que exista espaço para ambos, e um filme que se comunica com o grande público como este é um grande serviço ao nosso cinema, pois consegue brigar com blockbusters internacionais. Faz com que as pessoas percebam que também sabemos fazer cinema e movimenta o mercado brasileiro, possibilitando que surjam vários filmes menos populares.


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