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Atualizado: 23 de mai. de 2022


RECICLANDO COM PERSONALIDADE

por Ricardo Corsetti A produtora norte-americana Blumhouse, especializada no gênero terror, se tornou mundialmente conhecida e prestigiada, ao lançar o já clássico Corra! (2017), filme escrito, produzido e dirigido pelo hoje ultra-prestigiado autor norte-americano Jordan Peele.

Desde então, entre erros e acertos, a Blumhouse tem produzido em larga escala filmes que abrangem diversos subgêneros e segmentos do horror contemporâneo. Nada mais lógico, portanto, do que a produtora investir agora neste remake de Chamas da Vingança, rodado originalmente em 1984, igualmente a partir da obra A Incendiária (1980), do renomado escritor Stephen King.

O filme, assim como a obra literária que o inspirou, segue a linha do terror permeado por fenômenos paranormais, uma tendência bastante popular entre meados dos anos 70 e início dos 80, mas hoje um tanto esquecida.

A protagonista Charlie, vivida pela pequena e super talentosa Ryan Kiera Armstrong (Meu Amigo Enzo, 2019), remete inevitavelmente à primeira adaptação cinematográfica do texto, então protagonizada pela ultra-carismática Drew Barrymore (ET-O Extraterrestre, 1982), mas, felizmente, a nova pequena protagonista não decepciona em termos de comparação à sua predecessora. O ex-galã Zac Efron (Ted Bundy, 2019) também não faz feio, mostrando ter amadurecido como ator, ao viver Andy, o pai da pequena protagonista.

O diretor Keith Thomas (The Vigil, 2019) erra um pouco na condução do ritmo da trama, mas merece reconhecimento pela coragem em desafiar a cultura do politicamente correto nas em que a pequena Charlie, digamos assim, pune seus algozes da forma que eles realmente merecem. Outro ponto alto do remake de Chamas da Vingança é a excelente trilha sonora composta pelo lendário diretor e compositor John Carpenter (Halloween, 1978). Entre erros e acertos, a nova versão cinematográfica do texto de Mr. King, sem dúvida, cumpre sua função de entreter seu público alvo, ou seja, os saudosistas (assim como eu) da velha (e eficiente) fórmula de um bom filme de horror.







UM DIRETOR EM BUSCA DE AFIRMAR (OU MESMO ENCONTRAR) SEU ESTILO


por Ricardo Corsetti


Com apenas três longas no currículo: A Bruxa (2015), O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022), o diretor Robert Eggers já se tornou uma espécie de Deus vivo aos olhos dos entusiastas do chamado "Post Horror" (Pós-Horror, novo subgênero do cinema contemporâneo). É inegável que o cineasta possui bastante talento, sobretudo como diretor e, talvez numa escala um pouco menor, como roteirista.

Seu já clássico filme de estreia A Bruxa, realizado em 2015, é simplesmente genial em termos de simplicidade e eficiência temática. Seu segundo trabalho, por sua vez, impressiona por conta da belíssima fotografia de inspiração expressionista e clima "bergmaniano" da trama.


E agora falando propriamente sobre seu tão aguardado novo trabalho, creio que, com absoluta certeza, O Homem do Norte irá dividir opiniões, justamente por confirmar a tendência do diretor/roteirista no sentido de nunca realizar o mesmo filme duas vezes, seja no que se refere a temas abordados, seja em termos de estilo narrativo.


Algumas marcas, porém, já começam a se delinear na evidente busca do jovem diretor pela afirmação (ou mesmo descoberta) de seu estilo pessoal, ou seja, sua "assinatura". O flerte e fascinação por questões ligadas ao universo da bruxaria, por exemplo, conforme já ocorria em seu trabalho de estreia, aqui também se faz presente e permeia boa parte das ações no filme em questão.


Há, no entanto, alguns claros problemas em termos de fluência e clareza narrativa, além de algumas situações em que a verossimilhança é simplesmente jogada para o alto em O Homem do Norte, como, por exemplo, a cena em que o protagonista (ainda garoto) é perseguido por praticamente toda a aldeia em que vive e, estranhamente, basta que ele coloque uma capa sobre a cabeça, para passar totalmente despercebido, literalmente ao lado de seus perseguidores.



Observação: eu mesmo, enquanto crítico, sou adepto à ideia de que, sobretudo no que se refere a cinema de gênero, muitas vezes é possível e até necessário deixar a verossimilhança de lado em alguns momentos, justamente para se construir uma cena visualmente interessante. Ou seja, isso é próprio ao cinema de gênero. O problema aqui em se ir por este caminho é que Mr. Eggers não me parece nem um pouco inclinado à intenção de realizar um filme de gênero, mas sim em construir um trabalho "autoral" que visa ser levado a sério. Por isso, optar por soluções narrativas fáceis, não é algo viável para um filme como este.

Um ponto positivo, a meu ver, é o não temor de Eggers no sentido de ir contra a corrente do cinema insípido, asséptico e assexuado (digo em relação à evidente repulsa às cenas de sexo) do cinema contemporâneo. Pois há em O Homem do Norte uma quantidade razoável de cenas bem violentas e sanguinárias, o que significa que, felizmente, o cineasta compreendeu que não faria sentido algum realizar um filme que aborda mitologia nórdica e universo viking tendo pudores em retratar seu cotidiano extremamente violento, historicamente comprovado, aliás.


Mas, embora o tom "fabular" que o filme possui até peça isso em determinadas situações, o tom permanentemente afetado das atuações me incomoda bastante. Ethan Hawke (Roubando Vidas, 2004) por exemplo, está apenas ok em sua pequena participação como Amleth, mas longe, muito longe, da perfeição. Anya Taylor-Joy (A Bruxa, 2015) apresenta, provavelmente, a melhor atuação do filme, potencializada por seu Inegável carisma e beleza exótica. Nicole Kidman (Dogville, 2002), por sua vez, compõe bem uma rainha megera. O problema é que, com todo o respeito, o excesso de botox e procedimentos cirúrgicos desnecessários acabou por deixá-la simplesmente sem qualquer expressão facial. O sempre ótimo Willen Dafoe (O Farol, 2019), desperdiçado num pequeno papel, como já era de se esperar, rouba completamente a cena durante todo o tempo em que está presente.


Entre erros e acertos neste novo trabalho, Robert Eggers se mostra empenhado - conforme eu já mencionei em parágrafo anterior - na busca por um estilo verdadeiramente característico e original, buscando sempre boas referências como Conan - O Bárbaro (1982), do grande John Milius, que, claramente, influenciou a composição estética do protagonista de O Homem do Norte. Enfim, melhor sorte na próxima tentativa, Mr. Eggers.








MUITA POMPA E POUCA NOVIDADE



por Ricardo Corsetti


Filmes que abordam o cotidiano das classes abastadas e seu inevitável choque de costumes e "valores" em relação às classes populares na Inglaterra do início de meados do século XIX, não são novidade. Portanto, é preciso fazê-lo com criatividade e apontando algum diferencial.

E, infelizmente, Downton Abbey II não se enquadra entre os filmes que retratam o período mencionado com brilhantismo e originalidade, assim como ocorre em algumas adaptações da obra da genial escritora britânica Jane Austen, como por exemplo: "Razão e Sensibilidade" (Ang Lee, 1996) e Orgulho e Preconceito (Joe Wright, 2005).


O diretor Simon Curtis (Meu Amigo Enzo, 2019) conduz a trama com razoável competência, mas não é capaz de torná-la realmente empolgante aos olhos de quem (assim como eu) não é necessariamente um aficcionado pelo tema envolvendo as intrigas típicas do universo aristocrático.


O grande destaque aqui, sem sombra de dúvida, vai para a presença de grandes atrizes: a britânica Maggie Smith (Morte Sobre o Nilo, 1978), a norte-americana Elizabeth McGovern (Era Uma Vez na América, 1984), antes reconhecida apenas pela beleza acima da média e hoje confirmando seu crescimento como atriz dramática e, claro, a veteraníssima atriz francesa Nathalie Baye, estrela de clássicos do cinema francês, como por exemplo: O Homem Que Amava As Mulheres (François Truffaut, 1977).



Voltando a Downton Abbey II, o impecável trabalho de direção de arte também merece destaque - assim como a boa fotografia -, mas ainda é muito pouco para justificar uma sequência do primeiro filme Downton Abbey (mais enxuto) realizado, em 2019.




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