
13ª EDIÇÃO DO PRESTIGIADO FESTIVAL DE CINEMA FRANCÊS TEM INÍCIO EM SÃO PAULO
por Ricardo Corsetti
Na noite da última quarta-feira (22/06) foi realizada a abertura oficial do Festival Varilux de Cinema Francês, edição 2022, na Cinemateca Brasileira, localizada em São Paulo (SP).

Em primeiro lugar, é importante registrar o prazer em vermos este espaço tão importante da história do Cinema Brasileiro (e por que não, mundial?) finalmente reaberto e revitalizado, recebendo este já tradicional evento, anualmente realizado em nossa cidade.
Após uma breve apresentação por parte dos organizadores do evento, três filmes absolutamente inéditos, foram exibidos ao público convidado. Dentre eles, Krompomat (2021) de Jerome Salles, estrelado pelo astro francês Gilles Lellouche (A Conexão Francesa, 2014) que, aliás, estava presente à sessão.
Foram também exibidos os - igualmente inéditos - longas Os Jovens Amantes (2021) ,de Caroline Tardieu e ainda o belíssimo, Esperando Bojangles (2021), de Régis Roinsard, estrelado pela nova musa do cinema francês Virginie Efira (um verdadeiro colosso em cena, que recentemente também estrelou o polêmico Benedetta de Paul Verhoeven) e pelo astro Romain Duris (O Albergue Espanhol, 2002).
Foi um autêntico deslumbre ver essa dupla em cena, sendo ainda importante frisar que todo o elenco coadjuvante de Esperando Bojangles é igualmente excepcional!

Não percam a oportunidade de verem estese outros títulos inéditos presentes na seleção do Festival Varilux que irá até 06/07 e acontece em 50 cidades brasileiras. Para maiores detalhes, tais como horários e locais de exibição, visitem o site oficial do festival: http://variluxcinefrances.com/2022variluxcinefrances.com/2022

QUANDO A PROPOSTA INICIAL É BEM SUPERIOR AO RESULTADO
por Ricardo Corsetti
Típico exemplo de filme em que o conceito ou proposta inicial "inovadora" é bem superior ao resultado propriamente dito. Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo diverte e deslumbra o espectador, sem dúvida, graças à grandiosidade e ousadia em termos de produção, mas não vai muito além disso.

A overdose de referências que vão desde os clássicos filmes de artes marciais "hongkongianos", passando pelo surrealismo pop, até a clara homenagem ao belíssimo Amor À Flor da Pele (2000), na reprodução praticamente idêntica de uma cena desta joia absoluta, dirigida pelo chinês Wong Kar-Wai. É mérito por um lado e problema por outro, visto que, tamanho emaranhado de referências visuais acaba - aparentemente - prejudicando o desenvolvimento da história propriamente dita que aqui está (ou deveria estar) sendo contada, resultando num roteiro um tanto capenga, onde muitas situações são apresentadas, mas nunca plenamente desenvolvidas.
Além disso, a necessidade que o filme se auto-impõe de ser uma verdadeira metralhadora giratória de piadas, tentando nos fazer rir a cada 5 segundos, também acaba por prejudicar - e até inviabilizar - um melhor desenvolvimento da trama que, por vezes, acaba se perdendo em meio a algumas piadas desnecessárias e não tão eficientes quanto deveriam ser.

A perícia, em termos técnicos, da jovem dupla de diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert (egressos do universo dos videoclipes) é inegável. Mas ainda assim, a grande verdade é que o êxito do filme se deve enormemente ao talento e carisma da dupla de protagonistas: a diva malaia Michelle Yeoh (O Tigre e o Dragão, 2000) e o vietnamita Ke Huy Quan (Os Goonies, 1985). Sim, ele era um dos garotos deste clássico absoluto da sessão da tarde.
Destaque também para a impagável participação de Jamie Lee Curtis (Halloween, 1978) como uma vilã/megera de primeiríssima!

Ah, a cena envolvendo o, digamos assim, "falo de ébano", também é digna de nota. Só não me peçam para explicar aqui, exatamente do que ela se trata, ok? (rs)
Extremamente criativo enquanto proposta e apenas mediano enquanto realização, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo cumpre bem sua função enquanto bom e competente entretenimento, mas nada muito além disso. Ao contrário do que certas críticas "emocionadas" vem dizendo por aí. É isso.

QUANDO O CARISMA DE UM ASTRO ESTÁ ACIMA DE TUDO
por Ricardo Corsetti
Desde quando estrelou Busca Implacável (Pierre Morel, 2008) - época em que já não era um garoto, a propósito -, o experiente ator norte-irlandês, Liam Neeson (A Lista de Schindler, 1993), se tornou uma espécie de "astro maduro" de toda uma sequência de filmes de ação, aos quais passou a estrelar com frequência.

Agora, em Assassino Sem Rastro, se insere nesse mesmo segmento, sem grandes alterações em relação à fórmula básica que vinha sendo seguida pela maior parte dos filmes estrelados por Neeson nos últimos 15 anos, se valendo, sobretudo, do inegável carisma do veterano ator.
Mas há em Assassino Sem Rastro, ao menos, um diferencial em relação aos demais "filmes de ação genéricos" por ele protagonizados, pois há aqui um maior aprofundamento psicológico quanto às motivações de seu personagem: um ex-assassino de aluguel. O flerte com o clássico Cinema Noir se torna então evidente, na figura deste anti-herói atormentado pelos erros do passado e em busca de redenção.

Do ponto de vista técnico, se trata também de um filme bem realizado pelo já experiente diretor neo- zelandês Martin Campbell (A Profissional, 2021).
O ótimo elenco de apoio, capitaneado por Guy Pearce (Los Angeles - Cidade Proibida, 1997) e pela musa italiana Monica Bellucci (Malena, 2000), vivendo uma vilã de primeiríssima!
Em resumo, embora sem grandes novidades, Assassino Sem Rastro cumpre bem sua função enquanto entretenimento de qualidade, estrelado por um elenco bem acima da média.