
MITO ETERNO
por Ricardo Corsetti
A cinebiografia do ídolo eterno Elvis Presley (1909 - 1977) se destaca não só pela grandiosidade e óbvia qualidade técnica em termos de produção, mas também por trazer um Baz Luhrmann (Romeu e Julieta, 1996) mais maduro como diretor.

O estilo "barroco" de Luhrmann, sempre marcado pelo excesso e, sejamos honestos, até pela cafonice em certa medida, aqui se apresenta mais "enxuto" (apesar das 2 horas e 39 minutos de duração do filme que não chegam, necessariamente, a cansar em nenhum momento), apresentando um estilo narrativo mais convencional, mas sem abrir da "assinatura" do diretor, caracterizada por um ritmo ágil, quase de videoclipe.
Em termos de trama propriamente dita, a forma como é apresentada a relação de Elvis com a cultura e música negra é um tanto discutível, visto que ele é sempre apresentado, ao longo do filme, como um sujeito super gente boa, jamais como um explorador daquilo que toda a riqueza cultural e musical afro-americana tinha a oferecer a um garoto branco, bonito e sim, talentoso, num momento em que a segregação racial - sobretudo no sul dos Estados Unidos (região onde Elvis nasceu e cresceu) - era extrema. Não por acaso, há um momento no filme em que o igualmente lendário rei do blues B.B. King (1925 - 2015) diz a ele: "Cara, entenda uma coisa: eu posso ser preso, simplesmente por atravessar aquela rua, mas você é Elvis Presley, entende?"

O jovem ator Austin Butler (A Casa do Medo, 2015), apesar da não semelhança física real com o Rei do Rock, apresenta uma atuação super competente, sendo capaz, inclusive, de emular com perfeição o timbre de voz de Elvis ao falar, acentuando o característico sotaque sulista, etc. Dizem até que ele teria cantado de verdade em alguns momentos do filme.

Destaque também para a assombrosa (no bom sentido) composição de Tom Hanks (Forrest Gump, 1994) como o lendário e polêmico empresário do astro Tom Parker (1909 - 1997) que, aliás, nunca foi coronel e nem mesmo Parker.
Um autêntico deslumbre visual, caracterizado por um excelente trabalho de direção de arte, em termos de reconstituição da época e composição de cenografia e figurinos. Aliás, há simplesmente 39 trocas de figurino por parte de Butler e dos demais atores ao longo do filme.
Os números musicais, marcados pelo que há de melhor na história do Blues, Soul Music, Gospel e, claro, Rock n'roll norte-americano, são um show à parte.
Absolutamente imperdível, a cinebiografia do imortal Elvis Presley merece ser vista na tela grande do cinema, o quanto antes!

VILANIA FOFÍSSIMA
por Ricardo Corsetti
Dando sequência, 7 anos depois, ao mega-sucesso Minions (Pierre Coffin e Kyle Balda, 2015), o novo filme de animação nos apresenta um Gru (protagonista) ainda criança e também o momento em que ele conheceu seus fiéis seguidores. Sim, os cruelmente fofíssimos Minions.

Embora o filme não saia muito do lugar comum, no sentido de nos apresentar um garoto extremamente mimado por seus pais e, por outro lado, ridicularizado por seus colegas de escola (Gru), o grande mérito dessa sequência é transpor a trama para a década de 1970, o que claramente resulta num belo trabalho de reconstituição de época e, claro, uma trilha sonora de primeiríssima: Breaking All The Rules (Peter Frampton) e School's Out (Alice Cooper), só para citar alguns exemplos.

A dupla de diretores Kyle Balda (Minions, 2015) e o estreante Brad Ableson mostra-se muito hábil no sentido de conduzir a trama de forma acessível ao público infanto-juvenil, mas tornando-a também interessante ao público adulto, por meio de ótimas piadas que exploram referências de época, presentes na caracterização dos personagens.

Também é muito interessante constatar que os maleficamente fofíssimos Minions não são nem um pouco maus em sua essência, mas sim, apenas manipuláveis pelo "gênio do mal", ou seja, o pequeno (mas já da pá virada) Gru. Sendo possível, portanto, fazer um claro paralelo acerca de como funciona a manipulação dos "inocentes úteis" por parte da classe política do mundo real.
Minions 2: A Origem de Gru promete ser a grande sensação dessas férias escolares que estão prestes a começar e, sem dúvida, merece uma boa conferida!

PRIMEIRA EDIÇÃO DO EVENTO ACONTECE DE FORMA ONLINE E GRATUITA
De 24/06 a 07/07, por meio da parceria entre o Sesc São Paulo e o Instituto Brasil-Israel (I.B.I.), serão exibidos - forma 100% digital e gratuita - diversos títulos representantes da Cinematografia israelita contemporânea.

Dentre eles, estará o inédito Laila em Haifa do prestigiado cineasta Israelense Amos Gitai, autor de consagrados títulos, tais como Kadosh - Laços Sagrados (1999), Kedma (2002) e Free Zone (2005), que abordam, de forma delicada e ao mesmo tempo contundente, a sempre difícil relação entre judeus e palestinos no universo de constante tensão sob o qual vivem diariamente.
Também presente à seleção da Primeira Mostra Digital de Cinema Israelense estará o igualmente inédito Sublocação, de Eytan Fox, cineasta famoso por abordar o universo LGBTQIA+ em filmes como Delicada Relação (2002) e Bubble (2006), sempre de forma extremamente criativa e jovem.

Outro destaque dessa excelente seleção de filmes é Mami, uma surpreendente ópera rock dirigida pela cineasta Keren Yedaya, que narra a convivência entre diferentes etnias que encontram um equilíbrio e ideal comum a buscar por meio da música.
Esses e outros títulos da Primeira Mostra Digital de Cinema Israelense estão disponíveis na plataforma digital do Sesc São Paulo: sescsp.org.br/cinemaisraelense