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TERROR CONTEMPORÂNEO SEM MEDO DE SUJAR AS MÃOS DE SANGUE


por Ricardo Corsetti


No momento em que os novos filmes de horror, quase sempre associados à tendência contemporânea conhecida como "Pós-Horror" (Post Horror), caracterizada por filmes, digamos assim, insípidos (sem sabor) e assépticos, é bom ver um trabalho contemporâneo que não tem pudor em abusar do gore (sangue jorrando), tal como o faz Sorria.

O diretor/roteirista estreante Parker Finn acerta ao, aparentemente, flertar com a estética do clássico giallo (terror italiano), chegando inclusive a lembrar - já próximo a seu desfecho - o célebre Suspiria (Dario Argento, 1977).


A protagonista Sosie Bacon (Nosso Último Verão, 2020), filha do renomado ator Kevin Bacon (Sobre Meninos e Lobos, 2003) demonstra talento e carisma de sobra, em meio ao jovem elenco de apoio, que também colabora muito para o êxito do filme.


Apesar do desfecho um tanto precipitado e mal explicado, em termos gerais, a trama flui bem e praticamente não há momentos ou reviravoltas desnecessárias no desenvolvimento da narrativa.



Em se tratando de um filme realizado por um diretor/roteirista estreante, dentro do esperado, o resultado é bem satisfatório e as referências utilizadas (já citadas acima) também são ótimas.






A FUGA DO “COQ”

por Vicente Vianna



Que a Rússia tem dificuldades com seus acordos internacionais, não é novidade. Não á toa está em guerra em pleno 2022, mas chegar ao ponto de destruir a vida de um diplomata de outro país por não concordar com sua visão liberal dentro da sociedade parece uma ficção Kafkiana, um ambiente de absurdo, angustia e pesadelo como a obra de Kafka.

Lembrou O Processo (Orson Welles, 1962) misturado com O Expresso da Meia Noite (Alan Parker, 1978), um pelo absurdo da situação e o outro pelos clichês de fuga em filmes de ação.

Kompromat é uma palavra criada pelo Serviço Secreto Russo que significa destruir reputações com documentos forjados atendendo unicamente a política da Rússia. A institucionalização das Fake News. O diretor belga - também roteirista e fã de HQ (História em Quadrinhos) - Jérôme Salle (A Caçada, 2005), indicado para o Prêmio César de Melhor Longa-Metragem, se junta outra vez com o roteirista Caryl Ferey (que escreveu o romance policial Zulu adaptado para o cinema por ele e Jérôme que também o dirigiu em 2013) e juntos adaptam essa história real em um filme de ação e suspense: KOMPROMAT: O Dossiê Russo, que foi destaque na programação do Festival Varilux de Cinema Francês, 2022.



Para isso, conta com o ator francês Gilles Lellouche (BAC Nord: Sob Pressão,2020), que está excelente no papel, e a atriz polonesa Joanna Kulig (Guerra Fria, 2018), ganhadora do Prêmio do Cinema Europeu de melhor atriz em 2018. Ela faz muito bem uma esposa infeliz, casada com um herói de guerra, que se permite viver uma aventura fora do casamento. Por se passar na Rússia e ter atores russos, ucraniano e lituano como coadjuvantes, não comprometem a trama, dando uma boa verossimilhança.


O filme faz uma dura crítica aos franceses, acusando-os de serem “galinhas”, ou seja, covardes, diante das situações diplomáticas com medo de gerar conflitos e quebras de acordo nos negócios da França. Como é uma película francesa, estão no lugar de fala, francês criticando francês. O que faz o nosso herói ter que fugir da injustiça russa e da burocracia francesa.

Mathieu (Gilles Lellouche) é um diretor da Aliança Francesa em Irkutsk - cidade da Sibéria ao norte da Rússia - onde tem florestas e bastante neve, além de uma sociedade que cultiva valores extremamente conservadores, como a caça de animais silvestres e preconceito à homossexualidade. E é para neste cenário bucólico que ele, a esposa e uma filha de dez anos vão morar. Sua esposa, insatisfeita com a cidade tão fria, acaba congelando seu coração e deixa de amar o marido que vive para o trabalho e para filhotinha.


O fato de ser uma história real nos faz aceitar certas situações romanceadas mais facilmente. Jérôme Salle utiliza também o recurso do flashback para dar mais consistência ao suspense. Porém, seu objetivo, como ele mesmo declarou é: “Espero passar com esse filme como funciona a ideologia do governo russo nos dias de hoje”.

Acredito ser muita pretensão do diretor belga, todavia uma coisa é certa: com o advento da tecnologia onde existem vários filtros no audiovisual que colocam pessoas falando e atuando sem serem elas, o total “Fake News”, nos mostra uma real ameaça que tem que ser combatida com rigor para que não ocorra, pois pode realmente cancelar qualquer pessoa do mundo. É a morte em vida.





CAPITALISMO SUBDESENVOLVIDO


por Ricardo Corsetti Eike Batista, o empresário brasileiro que - segundo a revista norte-americana Forbes - chegou a ser oitavo homem mais rico do mundo, acumulando um patrimônio pessoal superior a 30 bilhões de dólares, é o tema desta cinebiografia que possui lá seus méritos, embora nem sempre acerte o alvo.

Talvez o principal problema de Eike - Tudo ou Nada, é que o filme se leva a sério demais, não abrindo espaço para o humor tipicamente brasileiro que, caso utilizado na medida certa, poderia tornar sua trama bem menos pesada e assim gerar maio empatia junto ao grande público. Falar sobre a ascensão e queda do império pessoal de Eike, narrando o erro fundamental que foi apostar todas as fichas na OGX - empresa que pretendia ser uma espécie de "Petrobrás de capital 100% privado" - é, sem dúvida, muito importante. Mas equilibrar o tema com boas pitadas de humor, citando por exemplo, a sempre complicada (e por isso mesmo divertida) relação do empresário com a exuberante musa carnavalesca Luma de Oliveira, tornaria o filme bem menos pesado e sisudo.


A breve aparição de Carol Castro (Veneza, 2019), simplesmente belíssima em cena vivendo o furacão Luma de Oliveira, merece destaque. Pena que a personagem (real) em questão receba tão pouco espaço na trama. A jovem dupla de diretores/roteiristas: Andradina Azevedo e Dida Andrade (Velha Roupa Colorida, 2022), revela bastante inexperiência, sobretudo no que se refere a desenvolvimento de roteiro, pelas razões já mencionadas.

Quanto ao Sr. Eike Batista da vida real, me parece que ele cometeu o mesmo erro fundamental que caracteriza todo e qualquer capitalista à brasileira, do tipo que ama falar em livre mercado, mas, na hora em que o calo aperta, espera que o Estado brasileiro o socorra: Capitalismo de verdade, implica em correr riscos. Portanto, não quer correr riscos? Então, não seja capitalista. Simples assim. Eike - Tudo ou Nada, em resumo, é um filme necessário para compreendermos um pouco melhor a história recente de nosso país, nos tempos da descoberta do tão festejado Pré-Sal petrolífero, que ia "nos conduzir ao Primeiro Mundo". Pena que derrape tanto na construção narrativa dessa história real.





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