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THRILLER MISTURADO COM COMÉDIA DARK

por Antonio de Freitas


Crypto – A Aposta Final se apresenta com letras garrafais que é uma apresentação de Steven Soderbergh (Presença, 2024), cujo nome não aparece nos créditos posteriores e isso soa como sendo apenas uma força que o famoso diretor está dando para seus amigos. Talvez funcione como um selo de qualidade atestando que o filme a seguir faz parte da linha de filmes fora do estilo “hollywoodiano” desse famoso diretor.

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E é isso que o filme pretende ser, uma comédia de ação e humor negro fora dos padrões comerciais que questiona os valores da sociedade e a economia abrigada no mundo virtual. E é neste mundo que Billy vivido pelo Raúl Castilho (Cassandro, 2023) confia quando aposta todo seu dinheiro na Cripto Moeda Tulip, uma novidade lançada pelo magnata Charles Hegel, interpretado por Josh Brener (Silicon Valley, 2014-2019). Com isso tem a esperança de conseguir comprar uma casa e poder brigar com sua azeda ex-mulher pela guarda compartilhada da filha. É natal e, animado com a valorização da moeda, ele visita a filha levando um presentão para depois ter mais uma discussão com a “Ex” que o subestima. Sua confiança na virada de vida é destruída quando nota que a moeda não vale mais nada e a morte de Charles Hegel é anunciada.


Desesperado Billy ainda tem que aguentar a pressão do amigo Don, cujo papel é vivido pelo ator Tony Cavalero (Cobra Kai, 2018-2025), um professor de artes marciais furioso por ter sido convencido pelo protagonista a investir na tal moeda. Os dois estão completamente desorientados quando conhecem Eva, na pele de Melonie Diaz (Charmed: Nova Geração, 2018-2022), uma outra vítima do desastre financeiro. Sem mais nem menos, ela atira uma verdade na cara dos dois, Charles Hegel está vivo e escondido em uma mansão da qual ela tem a localização. Neste momento o filme realmente engata na ação, o trio é formado e parte para uma jornada de vingança querendo sequestrar o homem para fazerem justiça para si mesmos e o resto de investidores que perderam tudo com o golpe financeiro de Charles. Lógico que tudo vai dar errado e gerar muita confusão.

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Temos aqui uma comédia que se propõe a discutir tantos detalhes da vida e das instituições que se perde no caminho por tentar abordar muitos assuntos ao mesmo tempo. Mas não perde seu charme, fortalecido pelo ótimo elenco que cria personagens realistas, cheios de defeitos e fáceis de gerar empatia no público, que pode se identificar com a ira e os erros dos três protagonistas assim como seu senso de justiça. Não chega a ser uma comédia desvairada que arranca gargalhadas, mas entrega uma história divertida que nos dá elementos que podem gerar questionamentos sobre a fragilidade de nossas instituições e ideias. Principalmente a do conceito de que os super ricos são os pilares da sociedade capitalista.


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UMA ESTÉTICA ÚNICA 


por Ricardo Corsetti 


Até mesmo alguém que, assim como eu, está longe de ser, propriamente, um fã ou profundo conhecedor do universo dos mangás (histórias em quadrinhos japonesas), sem a menor dúvida, imediatamente reconhece a beleza e estilo únicos desse universo cultural e visual, tão peculiar.


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E no caso específico do longa-metragem Dan Da Dan: Evil Eye (no caso, uma compilação dos três primeiros episódios da série homônima), não é diferente, pois apesar do apelo relativamente pop do filme em questão, provavelmente visando atingir o mercado norte-americano; a especificidade cultural e em termos estéticos, sempre característica das produções japonesas, se faz presente neste trabalho dirigido por Fuga Yamashiro (Dan Da Dan, 1970).


O ritmo narrativo - relativamente um pouco mais lento -, bem como também o excesso de emotividade dos personagens (típico do universo japonês) talvez possam até causar um pouco de estranheza a quem não está minimamente familiarizado com produções do gênero.

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Porém, a jornada empreendida pelos amigos Momo e Okarin, na busca por ajudar um amigo de infância do primeiro é tão rica, tanto em aspectos emocionais (valor da amizade e solidariedade) quanto visuais, que simplesmente não há como não se envolver com tal história.


Comovente, divertido e deslumbrante em termos técnicos e de concepção visual, Dan Da Dan: Evil Eye, de fato merece uma boa conferida.



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OS ALEMÃES TAMBÉM TEM SEU “JEITINHO”


por Antonio de Freitas


Comédia alemã escrita dirigida por Natja Brunckhorst (Alles in bester Ordung, 2021), que tem uma carreira curta na cadeira na direção, mas fez sensação nos anos 80 como um dos nomes fortes da grande explosão do Cinema Alemão daquela década. Foi ela, aos 15 anos, a protagonista do famosíssimo e superpesado Eu, Christiane F.,13 anos, drogada e Prostituída (Christiane F. Wir Kinder vom Bahnhof Zoo, 1981) um filme baseado em no “Best Seller” do mesmo nome que contava a história real da descida ao inferno de uma menina que se vicia em heroína.

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Fugindo totalmente do baixíssimo astral de sua estreia no cinema, Natja cria uma história que se passa em um momento extremamente importante da história mundial: A queda da União Soviética e a união das duas Alemanhas, que antes eram separadas pelo muro de Berlim cuja demolição inaugurou oficialmente este evento. E através da ótica dos habitantes da Alemanha Oriental que, até então, vivia sob o jugo dos comunistas. Uma ideia muito interessante com muitas possibilidades de desenvolvimento.


Tudo se passa na pequena cidade de nome Halberstadt, que enfrenta já os problemas causados pela unificação das duas Alemanhas. Tudo está mudando para o modelo capitalista e todos devem atualizar seus documentos, assim como trocar a moeda corrente. A dona de casa, Maren, interpretada pela ótima atriz e merecidamente premiada Sandra Huller (Anatomia de uma Queda, 2023), está envolvida com isso ao mesmo tempo que sonha com a liberdade de viver no novo sistema. O cotidiano de sua família - formada por um marido meio banana, um casal de filhos e sua mãe - é quebrado quando o cunhado volta para a cidade e reencontra um amigo, funcionário público do sistema soviético que tem uma coisa interessante para mostrar. Algo bem inusitado que vai acabar gerando um grande impacto.

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E o grupo segue o senhor até um terreno murado onde entram escondidos em uma espécie de bunker onde estão jogadas montanhas de notas do sistema financeiro antigo que já foram trocadas pelos Marcos Ocidentais. Por diversão e aventura resolvem levar vários sacos daquelas notas que, segundo eles, não valiam mais nada. Chegando no apartamento conseguem forrar a sala toda com essas pilhas de notas e estão brincando e achando graça naquilo até que, através de um vendedor de panelas da Alemanha Ocidental, descobrem que aquelas notas ainda valem por apenas 3 dias. E é nesse momento que o filme começa de verdade. Com exceção do funcionário público, todos eles já haviam trocado suas notas e contas bancárias para o sistema ocidental e não podem depositar mais no banco e, assim, ficam com o dilema de como gastar aqueles milhões e se dar bem.


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O que se segue é um filme movimentado, com um elenco extremamente eficiente e tipos tão bem caracterizados que ganham a simpatia do espectador assim que aparecem pela primeira vez. Todos eles muito bem dirigidos por uma diretora que sabe orquestrar cenas com vários personagens com ações e falas em sequências em que várias coisas acontecem ao mesmo tempo. Ela peca um pouco por não apresentar direito a cidade e a situação das pessoas daquele país que havia acabado de deixar de existir, além de se valer de uma trilha sonora um tanto intrometida e onipresente, que insiste em criar vinhetas musicais para ações das pessoas.


Não chega a se tornar uma comédia escrachada que arranca gargalhadas da plateia como as de Hollywood, italianas ou mesmo as nossas. Mas consegue ser um filme divertido que captura o espectador com a simpatia e plausibilidade dos personagens que nos leva torcer por eles e até ficar surpresos com o fato que os alemães podem ter também um “JEITINHO” para dar um olé na ética e nas instituições para se dar bem.


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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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