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Atualizado: 23 de jun. de 2023



TERRORZINHO GENÉRICO


por Antônio de Freitas


Nix – A Entidade, dirigido por Anthony C. Ferrante, nos provoca medo logo nos créditos iniciais, quando aparece o nome do diretor dos três últimos filmes da interminável franquia Sharknado e do infame Tsunami de Zumbis (2019).

A sensação é de que boa coisa não vai vir. Após o susto inicial somos apresentados a uma família que, nos anos 90, vai passear perto de um lago de aspecto tétrico. Os pais e os dois filhos não percebem que a filha caçula se afastou de todos para pegar uma bola extraviada e vai até a margem do lago onde é atacada por uma criatura que parece uma mistura de homem com uma ameixa seca em cena muito mal dirigida. Em plena luz do dia que denuncia as dobras da maquiagem de corpo inteiro e o material de borracha.

Há salto de 25 anos e a família vive em perpétuo trauma com a perda da filhinha. A mãe é interpretada pela adorada Dee Wallace, a inesquecível mãe do protagonista do icônico E.T. O Extraterrestre (Steven Spielberg, 1982), que está muito bem como uma mãe perturbada que espera a volta da filha. Os filhos estão adultos, um deles acabou de se divorciar e tem uma filha que é deixada com eles pela mãe relapsa. Quando a menina chega, coisas estranhas começam a acontecer e a família descobre que algo maléfico está rondando e talvez esteja conectado com o desaparecimento de 25 anos atrás.


O que vem depois é uma enxurrada de cenas batidas de filmes de terror com muitos jump scares, quando o cara de ameixa seca aparece abruptamente em delírios ou naqueles sonhos que fingem fazer parte da realidade para que, depois de um susto, mostrem que a pessoa estava sonhando.



O diretor tenta fazer um filme com muito clima e mostrando evolução do estado psicológico dos personagens, mas só consegue fazer cenas apenas morosas com enquadramentos sem inspiração. E comete um erro terrível ao mostrar toda a criatura e sua conexão com determinado personagem logo nos primeiros minutos, não deixando nada para o espectador imaginar. Esquece que grande parte do suspense reside na imersão do espectador quando capta apenas detalhes que atiçam sua curiosidade e servem como gatilho para que projete na história parte de seus medos. O resultado é um filme que não passa de um terror genérico e pretensioso.


Atualizado: 23 de jun. de 2023



MELHOR SERIA DESAPEGAR DO POLITICAMENTE CORRETO


por Beto Besant


O universo da compulsão pode ser tratado de diversas maneiras e gerar filmes de diversos gêneros como drama, suspense, terror e até mesmo a comédia, como foi escolhido aqui. Porém, há que se aprofundar nas questões para dar maior densidade à trama, o que não acontece aqui.

Desapega conta a história de Rita (Glória Pires), uma acumuladora compulsiva que trabalha como organizadora pessoal e controla sua compulsão liderando um grupo de pessoas problemáticas com a mesma patologia. O jovem senhor Otávio (Marcos Pasquim) acaba por ter um envolvimento com a protagonista. As coisas saem de controle quando Duda - a filha de Rita, interpretada por Maisa Silva - decide mudar-se para o exterior.


Dirigido pelo experiente cineasta Hsu Chien (Quem vai ficar com Mário?, 2021) - também autor do argumento do filme -, Desapega parte de uma premissa com diversas possibilidades, mas se perde por conta do politicamente correto. A nítida preocupação de não ofender a ninguém gerou um filme insosso, sem "tempero", como costuma acontecer com produções nessa linha. Dá até pra ouvir os produtores dizendo: cuidado para não ofender as gordas (duvido até que usem o termo), cuidado para não ofender as loiras, cuidado para não ofender as mulheres com mais de 40 (sendo bem gentil).

Glória Pires está muito bem como a protagonista, mas a diferença de idade para Maisa fica evidente. A jovem atriz segura bem o papel, emulando até um leve sotaque carioca, para não ficar muito distante do personagem de sua mãe. Marcos Pasquim será sempre uma reprodução de seu primeiro personagem, porém, com camisa.


O roteiro, escrito por Leandro Matos (Amor.com, 2017), o filme deixa de se aprofundar nas questões cotidianas dos personagens, como, por exemplo, mostrar os transtornos que elas causam em suas vidas. Limita-se a "situações engraçadinhas" que acontecem com os personagens de acordo com o tipo de compulsão de cada um, como a jovem blogueirinha que não faz nada sem registrar com seu telefone, o homem que todos adulam porque tem o costume de dar presentes, etc. O tipo de filme que nos primeiros minutos, seu desfecho já é previsível.


Desapega é um filme leve, típico "Sessão da Tarde", para toda a família, a ser esquecido após a sessão.




SUSPENSE AGUADO


por Antônio de Freitas


Alerta! Temporada de Tubarões, dirigido por Ludovic e Zoran Boukherma é uma tentativa dos franceses de entrar em um campo que sempre foi dos americanos: o velho subgênero dos filmes de tubarão.

Desde o gigantesco sucesso do filme Tubarão (Steven Spielberg,1975), o peixão tornou-se figurinha carimbada em outros filmes que, além das continuações diretas, resolveram surfar no “hype” do bicho.

Apareciam esporadicamente até o momento em que, mais de uma década atrás, a produtora Asylium começou a lançar montes de filmes com tubarões que inauguraram um novo filão, o de filmes ridículos e malfeitos que fazem sucesso por serem ruins. Seguindo em paralelo com essa vaga tivemos uma explosão de filmes europeus e asiáticos que se atreviam a entrar nos gêneros tipicamente americanos. Entre erros e acertos conseguiram produzir obras que chegaram ao mesmo patamar ou até conseguir fazer melhor.


E seguindo esse movimento, os irmãos Ludovic e Zoran Boukherma apostam na união de Terror com Comédia, uma mistura que produziu filmes icônicos na década de 80. Tudo se passa em uma pequena cidade balneário no litoral francês onde as pessoas sofrem com a vigilância ferrenha da policial durona em vias de se aposentar, Maja Bodernave. O verão chegou e a cidade está lotada de turistas, mas Maja avista um tubarão, avisa as autoridades e fecha as praias. O que vem depois é uma repetição do clássico de 1975 com os empresários da cidade hostilizando a policial que veste a casaca de heroína e se lança na aventura de caçar o peixão. Aí temos cenas que nos deixam com a sensação de já ter visto igual antes e uns momentos de comédia que não tem a mínima graça.

A produção é até bem feita, com belas locações, fotografia competente, trilha sonora adequada e bons atores nos papéis principais. Mas esses dois irmãos diretores não conseguem mesmo fazer um filme de suspense e nem assustar com cenas de ataques mixurucas e uma falta de personalidade geral dos coadjuvantes que, além de serem muito mal apresentados, se comportam como perfeitos idiotas nas cenas de perigo. Toda a atenção é dada para a policial com seu drama de ter que resolver a situação, dar atenção ao marido e ainda lidar com a hostilidade das pessoas da cidade que não é mostrada o suficiente para ser uma entidade presente. O mesmo acontece com a atmosfera de tensão que deveria estar presente no filme todo.


É uma tentativa fracassada de fazer um “shark movie” onde o tubarão mal aparece e não dá o mínimo medo. A história é rala, os personagens são fracos, as cenas de ação são preguiçosas e tudo leva a um dos piores embates finais da história do cinema de ação. Um verdadeiro naufrágio.




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