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Atualizado: 23 de jun. de 2023



MAIS DO MESMO, COM ALGUMA PERSONALIDADE


por Ricardo Corsetti

É fato que qualquer fã de cinema de horror, minimamente familiarizado com as convenções e clássicos absolutos do gênero, percebe de imediato, que 13 Exorcismos bebe direta e fartamente de duas fontes/ referências básicas: Carrie, A Estranha" (Brian De Palma, 1976), por conta de sua protagonista claramente oprimida pelo fanatismo religioso (católico) de sua mãe e, em segundo lugar, O Exorcista (William Friedkin, 1973) no desenvolvimento da trama.

Mas isso não significa que 13 Exorcismos seja, necessariamente, um filme ruim ou sem qualquer personalidade. Pois o diretor Jacobo Martinez, embora estreante nessa função, conduz a trama com razoável desenvoltura, embora, convenhamos, seja difícil nos convencer, enquanto expectadores, que num espaço de tempo tão curto (já que o filme possui apenas 1h40 min.), de fato, ocorreram 13 Exorcismos (rs).

Mas, felizmente, o carisma e boas atuações dos personagens envolvidos na história, compensam alguns deslizes em termos narrativos.


O fato de se tratar de um filme espanhol (latino) acaba, fatalmente, reforçando o caráter um tanto melodramático da trama. Mas isso não é propriamente um problema, pelo contrário, pois acaba conferindo um humor quase involuntário, em determinadas situações.

A boa trilha sonora também colabora bastante no sentido de manter o clima de tensão constante ao longo de todo o filme.


Longe de ser o mais original ou criativo filme de horror nos últimos anos, 13 Exorcismos, porém, cumpre relativamente bem sua função enquanto entretenimento descompromissado.



Atualizado: 23 de jun. de 2023



HUMOR CONTUNDENTE


por Ricardo Corsetti


"Nós trabalhamos com algo que tem assegurado a democracia ao redor do mundo: granadas. Anteriormente, nosso principal produto, eram 'bombas anti-pessoais', também conhecidas como, minas terrestres". Eis apenas um pequeno exemplo da fina e deliciosa ironia que percorre toda a trama de Triângulo da Tristeza, filme vencedor da Palma de Ouro, na última edição do Festival de Cannes, escrito e dirigido pelo sueco Ruben Ostlund (The Square - A Arte da Discórdia, 2018).

Toda a hipocrisia que caracteriza o mundo contemporâneo, presente no discurso de "igualdade de gêneros, racial e social" - vendida pelo universo da publicidade e da moda, por exemplo - é aqui desmontada com muito senso de humor, visando revelar que na prática, o que nos cerca diariamente é um reino de preconceitos de toda a natureza, filtrado por muita hipocrisia e afetação.


Destaque para a cena em que uma rica senhora européia, dentro de uma jacuzzi e tomando champagne francês, diz à funcionária do navio que a serve: "No fundo, somos todos iguais". E claro, o desfecho em que temos uma espécie de vingança do proletariado contra seus "cordiais" opressores, também é digna de nota.


A presença da bela e charmosíssima atriz sul-africana Charlbi Dean (Don't Sleep, 2017) - recentemente falecida, aliás - vivendo a top model Yaya, também merece destaque.

Obs.: Ecos de As Invasões Bárbaras (2003) do franco-canadense Denys Arcand, são facilmente identificáveis no humor inteligente e relativamente intectualizado que caracteriza todo o filme.


Obs. 2: Salvo a duração um tanto desnecessariamente longa (2h37 min.), na maior parte do tempo é mesmo uma delícia acompanhar as situações vividas em Triângulo da Tristeza, tais como o hilário embate entre um oligarca do Leste Europeu e o divertidíssimo capitão de navio marxista, vivido pelo sempre ótimo Woody Harrelson (Assassinos por Natureza, 1994).


E você aí, meu caro, já comprou sua "bota de pedreiro customizada" da Balenciaga por módicos 10 mil reais e assim ajudou a tornar o mundo um lugar pior, quer dizer, melhor?



Atualizado: 23 de jun. de 2023




UM FILME SINCERO


por Antônio de Freitas


Morte a Pinochet começa com as imagens reais de um pronunciamento do Presidente Augusto Pinochet (1915 - 2006) onde culpa as pessoas que estimularam uma manifestação como as culpadas pelo fim trágico que esta teve. Logo após podemos ver, em vídeos da época, a agitação nas ruas das cidades do Chile com protestos de populares e a posterior reação violenta da polícia. Em poucos minutos, o diretor novato Juan Ignacio Sabatini consegue passar para o espectador a violência que dominava o Chile durante a ditadura que vigorou de 1973 a 1990.

Após a apresentação eficiente de todo um universo dramático, conhecemos os protagonistas dessa história, os integrantes do grupo chamado Frente Patriótica Manuel Rodríguez, que se ocupa em tomar de assalto estação de rádios para fazerem propaganda contra o governo Pinochet. Usando uma montagem não linear somos apresentados a um painel onde podemos entender as motivações e a insatisfação desse grupo de jovens que sonham com a derrubada do governo e decidem que a violência dos militares deve ser combatida com uma resposta tão violenta quanto.


O uso de uma fotografia típica dos anos 80 consegue criar um eficiente clima de época que ajuda o diretor a traçar um perfil dos integrantes mais importantes do grupo com seus dramas individuais e o dilema de ter que abdicar da vida pessoal para mergulhar na clandestinidade. Exagerando, às vezes, nas cenas com diálogos explicativos, o filme nos mostra os diversos tipos que formam o pequeno exército de militantes revoltados que são oriundos de diversas camadas da sociedade. Alguns são pessoas de classe baixa e precisam lidar com as dificuldades de criar filhos e pagar as contas, além daqueles que fazem parte da classe alta e devem enfrentar a reação da família conservadora que os hostiliza por causa de suas escolhas políticas.


A personalidade e motivações do grupo é muito bem ilustrada e nos vemos diante de um bando de jovens muito diferentes entre si que tentam se organizar para cumprir um plano desesperado. Eles resolvem matar Pinochet. A narrativa se concentra em nos mostrar os diversos detalhes do planejamento, seus atritos para escolher quem deve comandar e o resultado de tudo isso nas suas vidas privadas.

O diretor/autor é muito eficiente em traçar um perfil psicológico dos integrantes do grupo valendo-se de ótimos atores, direção de arte de alta qualidade, assim como as caracterizações. Mas quando chega nos momentos de cenas de ação vemos uma direção um tanto perdida no planejamento. As cenas são confusas, curtas, rápidas e não conseguimos entender o que e como aconteceu. Juan Ignacio demonstra ser um ótimo diretor de atores, mas ainda precisa aprender a lidar com cenas que envolvem um grande grupo de pessoas e cheias de movimentação.


O resultado é um filme que merecia mais cuidado no planejamento e mais tempo em tela do ponto alto do roteiro, o atentando a Pinochet. O mesmo podemos dizer nas sequências onde vemos as consequências dessa ação com a resposta dos militares. Se esforçam e dão muito tempo na apresentação dos personagens e não dão a devida atenção ao clímax da história. Mas nada disso destrói as boas intenções desse filme que são de nos fazer compreender as motivações que levaram esses jovens a decidir partir para a violência. Antes de qualquer coisa, essa obra é de pessoas que queriam fazer um filme sincero sobre um momento triste, mas muito importante na história da América Latina.


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