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Atualizado: 23 de jun. de 2023




TERROR TRASH DE AUTOR


por Antônio de Freitas


O palhaço Art - que é uma mistura dos roqueiros Alice Cooper e Marilyn Manson com o famoso mímico Marcel Morceau (1923 - 2007) - volta em Terrifier 2 (Damien Leone, 2022), uma direta continuação de Terrifier (2016) cuja última cena é o ponto de partida para o início deste novo filme, quando Art ressuscita e logo retoma seu péssimo hábito de trucidar quem aparece na sua frente. Desta vez ele volta como uma espécie de entidade sobrenatural e não como o louco sanguinário do primeiro filme. E não vem sozinho, com ele está uma criaturinha que poderia muito bem ser a sua filha com a famigerada boneca amaldiçoada Annabelle.

E volta com uma produção mais esmerada, que demonstra a confiança que os investidores depositaram nessa personagem que conseguiu abocanhar um monte de dinheiro nas bilheterias e se tornar já um ícone dos filmes de terror. Não chega a ter a honra de estar no patamar de figuras míticas como Drácula ou a criatura de Frankenstein, mas pode ocupar apenas um andar abaixo de Jason Vorhees, o “zumbizão“ homicida da infindável série de filmes com o selo Sexta Feira 13. Mas vai conseguir ser lembrado pelos fãs do gênero e até protagonizar mais umas sequências se esta fizer uma boa bilheteria.


E confiando nisso, o diretor/autor entrega um filme em que se preocupa com a apresentação dos personagens, ao contrário do primeiro filme onde as pessoas apenas entravam em cena para serem esviscerados pelo palhaço louco logo depois. O ganho com a empatia do público ajuda a criar uma história mais consistente, capitaneada pela adolescente Sienna (Lauren LaVera) e seu irmão mais novo fanático por “serial killers” e filmes de terror. É “Hallowen” e Sienna se prepara para uma grande festa, ao mesmo tempo atura a chatice do caçula, que está fixado nos eventos do filme anterior e acredita que Art tem alguma coisa a ver com o falecido pai deles.



Enquanto isso, Art “dá uma falecida” em montes de pessoas, em assassinatos para lá de sangrentos mostrados de forma explícita, com sangue e vísceras voando para todo lado. E estas cenas são o “ponto alto” do filme, que faz sucesso entre os adoradores de “terror podreira” e são o motivo do filme ser divulgado como capaz de fazer os espectadores passarem mal. Distribuindo machadadas, facadas, marteladas pela vizinhança, Art vai acabar enfrentando Sienna, que vai mostrar que não está ali para virar carne moída em um final onde o sangue vai espirrar em todas as paredes possíveis.

Nessa segunda empreitada tentam dar maior consistência à história e personagens, além de conseguir criar uma atmosfera que lembra muito bem os “slasher movies” dos anos 80, contando até com a trilha sonora minimalista de sintetizador. Mas cometem erros como a longa duração do filme, que poderia ter uns 30 minutos a menos com a retirada de sequências inúteis como a de um certo sonho que parece ter sido feita para um choque inicial, mas não assusta porque está claro que é apenas um sonho. E de tramas paralelas como a da palhacinha mostrenga e o irmão de Sienna que só desviam a atenção que deveria estar focada na fúria insana do palhaço e sua adversária, que é até bem defendida pela atriz.


Damien Leone demonstra uma óbvia evolução quando comparamos o primeiro e segundo filme. Com mais recursos em mãos, ele tenta fazer um filme com personagens mais delineados e um subtexto onde satiriza a cultura pop americana com a junção de elementos “kistch” com o grotesco. Dá para notar um estilo pessoal se desenvolvendo e, se continuar se empenhando em melhorar, poderá entregar uma terceira obra mais aprimorada. Por enquanto ainda se apoia em cenas de extrema violência e exposição de sangue aos montes que o colocam na categoria do “trash”. O terceiro filme, que é anunciado por uma cena besta depois dos créditos, se for feito por ele, talvez defina seu destino.


Atualizado: 23 de jun. de 2023



MAIS DO MESMO COM ALGUM CHARME


por Ricardo Corsetti


É, realmente eu já perdi as esperanças de que o anteriormente genial diretor/roteirista Neil Jordan (Traídos Pelo Desejo, 1992), volte a dirigir um grande filme, pois seus últimos trabalhos, claramente, dão sinais de esgotamento de sua obra.

Eis também o caso do apenas mediano Sombras de um Crime, um "neo-noir" bem construído visualmente, mas um tanto sem sal em termos de desenvolvimento de trama.


E a esperança de vermos o veterano Liam Neeson (Busca Implacável, 2008) finalmente fazendo um papel minimamente diferente do que o vemos encarnando nas últimas décadas, também foi frustrada. Pois, apesar da boa matéria prima que ele tinha em mãos dessa vez - viver o célebre detetive fictício Philip Marlowe, criado pelo romancista Raymond Chandler (1888-1959) em The Big Sleep (1939) -, Neeson não consegue se libertar ou ir além dos velhos cacoetes de seus personagens de filme de ação, com movimentos coreografados em cenas de conflito físico absolutamente inverossímeis, diga-se de passagem, para um homem com mais de 70 anos.



Jessica Lange (King Kong, 1976), infelizmente, também decepciona em seu tão aguardado retorno às telas, com uma atuação over e caricata. Obs.: No entanto, é até possível que, neste caso, se trate mais de um erro em ternos de direção pois, provavelmente, Neil Jordan deve ter pedido a ela uma atuação mais "carregada", coerente ao estilo noir em que se desencadeia a trama. Mas, sinceramente, não funcionou.


Sem dúvida, o melhor desempenho no filme, em termos de atuação, é mesmo da sempre ótima e bela Diane Kruger (Adeus, Minha Rainha, 2011), apresentando uma femme fatale de primeira, mesclando humor e drama na medida certa, ao compor sua personagem.

Filme tecnicamente bem realizado, com um belo trabalho de direção de arte (cenografia e figurinos) em ternos de reconstituição de época, meados dos anos 40 e início dos 50, a era de ouro de Hollywood. Boa fotografia também. Mas é pouco, visto que o desenvolvimento da trama é um tanto capenga, bem como o próprio desenvolvimento das personagens, que carece de um melhor aprofundamento psicológico.


Em suma, Sombras de um Crime representa apenas um razoável entretenimento passageiro para os amantes do universo (literário e cinematográfico) noir, sobretudo.



Atualizado: 23 de jun. de 2023



SAGA INFINDÁVEL


por Ricardo Corsetti


É fato que a jovem dupla de diretores Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin (Casamento Sangrento, 2019) conseguiu o que parecia ser simplesmente impossível, ou seja, revitalizar a saga iniciada em 1996 pelo grande e saudoso Wes Craven (diretor) e Kevin Willianson (roteirista), idealizadores do já imortal Pânico (1996).

E o que é melhor: respeitando o legado deixado pelos já citados criadores da mais famosa e bem sucedida franquia dos anos 90.

No entanto, a necessidade (ou opção) de parecer "inteligente" o tempo todo - à qual "Pânico 6" se auto-impõe - por meio do frequente uso da metalinguagem, visando satirizar/reverenciar todos os clichês do subgênero slasher, soa um tanto artificial em certos momentos. Mas nada que chegue a comprometer o bom resultado em termos gerais.


A fidelidade a uma regra fundamental à realização de um bom slasher, ou seja, a violência explícita, com sangue jorrando na tela a cada 5 minutos de filme, é um dos pontos altos da trama.


Porém, um pecado capital é também aqui cometido, graças à concessão aos padrões politicamente corretos e ao neo-moralismo contemporâneo que, fatalmente, resulta na realização de um filme pudico e assexuado. Sim, não há uma única cena de sexo ao longo de toda a trama.

Ora, qualquer fã minimamente familiarizado com o universo e regras do subgênero sabe que slasher sem sexo é, digamos assim, como churrasquinho de rua sem farofa: insípido.


A boa direção, que confere ritmo ágil e o elenco carismático, capitaneado pela bela Melissa Barrera (Um Bairro em Nova York, 2021) e também pela atual queridinha de Hollywood Jenna Ortega (Wandinha, 2022) equilibram o jogo e, apesar das ressalvas mencionadas, tornam Pânico 6 agradável de ser assistido. E, convenhamos, quase 30 anos após o início da - aparentemente infindável - franquia, termos um sexto episódio minimamente "assistível", sem dúvida, já está de bom tamanho.


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