Atualizado: 23 de jun. de 2023

DIVERSÃO ESCAPISTA, MAS QUE FUNCIONA BEM
por Ricardo Corsetti
Desde quando a escritora norte-americana Anna Todd lançou After, em 2014, inaugurando assim um novo subgênero literário que viria a ser batizado como "New Adult", outros diversos títulos na mesma linha e com a mesma temática invadiram o mercado literário e, posteriormente, também o cinema.

Nesse sentido, Belo Desastre, escrito por Jamie McGuire em 2019 e agora lançado em versão cinematográfica, se insere na mesma linha/filão de mercado.
Mas, ao menos Belo Desastre, em sua versão cinematográfica, tem a vantagem de não se levar tão a sério, se auto ironizando o tempo todo, por exemplo, em relação à frieza dramática da versão filmica de After, lançada em 2019.
Embora afilhado direto do filme citado, a narrativa de Belo Desastre flui bem e cumpre seu propósito de divertir o público, sobretudo na faixa dos 20 aos 30 anos, sem grandes pretensões que tentem ir além da diversão escapista por si só.
O diretor e roteirista Roger Kumble, autor também do ultra-clássico Segundas Intenções (1999), acerta a mão na condução da trama, conseguindo - inclusive - imprimir sua marca registrada: o humor politicamente incorreto e o apelo sensual. Obs: isso, claro, dentro do que o padrão do pudico e "correto" cinema contemporâneo é capaz de permitir, é claro.

A jovem dupla de protagonistas (já na casa dos vinte e poucos ou trinta anos, aliás), não é necessariamente um primor em termos de atuação. A bela Virginia Gardner (A Queda, 2022), justiça seja feita, apresenta um desempenho bem melhor do que seu par masculino Dylan Sprouse (Meu Namorado Fake, 2022). Porém, dentro do esperado, ambos não comprometem o resultado e, claro, são um autêntico colírio para olhos masculinos e femininos.
Em resumo, boa diversão com algumas cenas de ação bem dirigidas - diga-se de passagem - e com claras citações a Clube da Luta (David Fincher, 1999). \em alguns momentos, Belo Desastre funciona muito bem enquanto entretenimento assumido, com belos corpos à mostra e senso de humor na medida certa.
Atualizado: 23 de jun. de 2023

DIVERSÃO ESCAPISTA DE PRIMEIRA
por Ricardo Corsetti
Inspirado no clássico jogo de RPG homônimo no qual, inclusive, se basearia também o famosíssimo desenho televisivo Caverna do Dragão (1983-1987), o mais novo filme da franquia Dungeons and Dragons é diversão garantida, sem sombra de dúvida.

Estrelado pelo ex-galã Chris Pine (Não Se Preocupe, Querida, 2022), pela eterna durona Michelle Rodriguez (Machete, 2010) e por outro ex-galã Hugh Grant (Quatro Casamentos e um Funeral, 1994), "Honra e Rebeldes" trata-se de um autêntico show de efeitos especiais onde a trama, embora simples e previsível, funciona muito bem.
Quanto ao elenco, Chris Pine mostra carisma e até uma relativa evolução como ator. Hugh Grant, por sua vez, está impagável como um divertido vilão de primeiríssima. O ponto fraco, sem dúvida, é mesmo Michele Rodriguez, que parece eternamente interpretar o mesmo papel da "mulher durona e inflexível" que marcou praticamente toda a sua carreira.

Em termos gerais, o desenvolvimento do filme é tão bem conduzido pela - relativamente jovem - dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley (A Noite do Jogo, 2018) que as 2 horas e 14 minutos de duração fluem tranquilamente, sem nunca pesar ou gerar desinteresse ao espectador.
Típico "filme para toda a família", Dungeons and Dragons - Honra Entre Rebeldes tem tudo para agradar os mais diferentes públicos e ser um dos grandes sucessos deste final de verão brasileiro.
Atualizado: 23 de jun. de 2023

UM EXEMPLO DE UM NOVO SUBGÊNERO
por Antônio de Freitas
Nessa última década, quando vimos uma enxurrada de filmes cuja produção foi facilitada pelas novas tecnologias, com as quais tiveram a chance de criarem novas obras de orçamento baixo apoiadas em boas ideias de roteiro, algumas apresentam características semelhantes entre si e isto nos leva a colocá-las em grupos que podemos chamar de subgêneros. Control – O poder da mente (James Mark, 2022) é uma delas. Criam uma história com uma ou poucas pessoas isoladas em um ambiente - onde acontece a maior parte da história - com um mistério a ser resolvido e muita tensão dramática para captar a atenção dos espectadores. Economizando nos cenários e nos atores, a produção sai barata e até muito rentável desde que a ideia seja boa. Assim fizeram com Enterrado Vivo (Rodrigo Cortés, 2010), Demônio (John Erick Dowdle, 2010) e Circle (Aaron Hann e MarioMiscione, 2015). Ali temos ambientes únicos, uma caixa enterrada no primeiro, um elevador no segundo e uma sala misteriosa no terceiro. Assim é este filme.

Sarah Mitich (Star Trek Discovery, 2017-22) interpreta - com afinco - Eileen, uma mulher que acorda desmemoriada em uma sala hermética que aparenta fazer parte de uma estrutura de alta tecnologia. Ela não sabe como chegou e por qual motivo está ali. Lhe restam apenas alguns relances de lembranças dela se divertindo com uma menina na praia. Passa para um estado histérico querendo sair da sala até que uma voz robótica manda que se acalme e cumpra uma simples tarefa. Ela olha em volta e percebe que ali tem apenas uma cadeira de metal e uma mesa de metal e vidro sobre a qual tem um lápis. A voz no sistema de som dá a ordem de mover o lápis. Ela cumpre o que lhe foi designado e desmaia sob o efeito de algo.
Eileen acorda de novo e a voz manda que ela mova o lápis na mesa. Ela tenta levantar o braço e percebe que está algemada. Neste momento começa o drama de Eileen que embarca em uma jornada de tortura psicológica com sua tarefa ficando cada vez mais difícil até o ponto de parecer impossível. E, para seu desespero, se falhar vai ter que encarar a morte de sua filha com a qual tem os flashes de lembrança na praia. A partir daí, ela vai focar em cumprir as tarefas, descobrir o que está acontecendo, encontrar sua filha e fugir dali.
James Mark, o diretor/autor deste filme tem em seu currículo como diretor uns 4 filmes obscuros, mas foi o diretor de dublês e ação de grandes produções como Scott Pilgrim Contra o Mundo (Edgar Wright, 2010), do Robocop (José Padilha, 2014) e Shazam! (David F. Sandberg, 2019). E várias séries importantes, com cenas de muita ação e acrobacias de dublês. Sabendo de um passado deste, qualquer pessoa iria imaginar que ele não iria conseguir lidar com cenas envolvendo apenas uma mulher e, posteriormente, outro personagem encerrados em uma sala hermeticamente fechada. Mas ele se sai muito bem conduzindo o aumento da tensão e desespero dos dois personagens.
Seguindo as regras desse tal subgênero - que ainda não recebeu um nome -, se vale das memórias do passado para aliviar o tédio de ficar olhando para aquela cena. Até consegue produzir um filme eficiente com surpresas, constantes que conduzem a um final muito movimentado, ainda mais recheado de reviravoltas na história em cenas repletas de ação. Estranhamente, ele escolhe um caminho mais suave onde poderia fazer um furacão de cenas de ação. Aí dá uma caída no desenvolvimento e até decepciona quem esperava um grande e explosivo final. Mas consegue elucidar o mistério do local com poucas cenas e diálogos, dando a este filme um final peculiar, bem diferente do que estamos acostumados.