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CINEMA COM "C" MAIÚSCULO. AMÉM, SR. SCORSESE



por Ricardo Corsetti


Quem me conhece relativamente bem, sabe que eu sou suspeito para avaliar, com a devida "imparcialidade e isenção", um filme de Martin Scorsese (Taxi Driver, 1976). Ainda assim, garanto ser capaz de avaliar, com a devida justiça, os prós e contras deste filme que, para minha felicidade, possui muito mais pontos positivos do que negativos.

Sinceramente, chego a dizer que, se não fosse pelas 3 horas e meia de duração de Assassinos da Rua das Flores, talvez eu até o situasse entre os melhores trabalhos do diretor, sério mesmo.


Há momentos desnecessários no filme? Provavelmente sim, mas lembremos que aqui estamos falando de um diretor com "D" maiúsculo, capaz de conduzir a narrativa com maestria, visto que a trama flui muito bem, praticamente nunca deixando o espectador cansado e desinteressado por seu desenrolar.


É fato que a qualidade do elenco, com destaque para Robert De Niro (Cabo do Medo, 1991), de volta à velha forma, vivendo o impagável e cinicamente divertido Reverendo Hale, contribui muito para o êxito da história. Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street, 2013), por sua vez, não chega a apresentar um desempenho propriamente brilhante como protagonista, mas dá conta do recado, satisfatoriamente, é claro. Brendan Fraser (A Baleia, 2022), apesar do pequeno papel como um advogado oportunista, rouba a cena durante os poucos minutos em que aparece na tela.



Obs: ver que até mesmo meu adorado "São Scorsese" parece ter aderido à "nolanização" (menção a Christopher Nolan) vigente no cinema contemporâneo, onde parece ter virado regra que nenhuma grande produção hollywoodiana não possa ter menos do que 2 horas e meia de duração, me causa incômodo. No entanto, conforme mencionei, o domínio narrativo (sobretudo no que se refere ao ritmo do filme) característico do diretor ítalo-americano me faz encarar, com tranquilidade, a experiência imersiva de me mergulhar neste épico scorseseano.


Se comparado ao seu trabalho anterior - o belíssimo O Irlandês (2019) -, Assassinos da Lua das Flores, embora possua exatamente a mesma duração (3 horas e meia), se trata de um filme bem mais facilmente, digamos assim, "digerível" que seu antecessor.


Merece ainda total destaque, a temática envolvendo o genocídio disfarçado de "boas intenções", promovido contra os povos indígenas originários na América.





UM FILME MENOR PARA UMA DEUSA SUPREMA



por Ricardo Corsetti


"A Tropicália foi um movimento majoritariamente masculino, embora sua principal e definitiva voz tenha sido Gal Costa". Assim falou Lô Politi (Sol, 2021), codiretora, durante a coletiva de imprensa pós-sessão de Meu Nome é Gal.

Cinebiografia bem intencionada, porém um tanto decepcionante, sobre uma das incontestáveis maiores cantoras da história da música brasileira: Gal Costa. Um autêntico arquétipo da cultura brasileira, ao longo de ao menos três décadas, aliás. Por isso mesmo, com certeza, Gal merecia um filme melhor.


O primeiro problema, a meu ver, é a extremamente curta duração do filme: apenas 1 hora e 26 minutos de duração. Fato que, por um lado, caso fosse bem utilizado poderia ter atuado no sentido de gerar um filme "enxuto e objetivo". Mas, definitivamente não é isso que vemos aqui, mas sim, a clara sensação de incompletude.


Obviamente, é compreensível a opção por situar a história do filme/cinebiografia entre meados dos anos 60 e início dos anos 70, mais especificamente até 1972, época da gravação do ultra-clássico álbum "Gal Fatal - A Todo Vapor". É fato que aí se situa a "fase de ouro" da carreira de Gal, bem como do movimento tropicalista. No entanto, a aparente pressa em se contar e apresentar os fatos relacionados a esse período acaba por gerar essa já mencionada sensação de incompletude no que se refere a vida/carreira deste ícone supremo e longevo de nossa historiografia.



Quanto ao elenco, Sophie Charlotte (O Rio do Desejo, 2023) está bem como protagonista, apresentando um desempenho satisfatório (mas longe de ser sublime), chegando a cantar de verdade (e até que bem) em algumas cenas. Merecem também destaque, a Dedé Gadelha (melhor amiga de Gal e futura primeira esposa de Caetano Veloso), vivida por Camila Márdila (Que Horas Ela Volta?, 2015) e sobretudo, o icônico Caetano Veloso, vivido por Rodrigo Lélis (Life S.A., 2018), talvez a melhor atuação do filme, diga-se de passagem.

Mas, outra coisa que me incomodou foi a verdadeira enxurrada de merchandising gritando na tela do cinema em diversas sequências do filme, de Hering a Almanara, todo tipo de produto foi "vendido". Obs: sim, é claro que eu entendo a necessidade de se agradecer aos patrocinadores privados, mas, convenhamos, levantar verba pública para se produzir um filme sobre uma diva da cultura brasileira, tal como Gal Costa e, ainda por cima, com a garantia de se ter uma estrela global (Sophie Charlotte) como protagonista, é relativamente fácil. Portanto, sem dúvida, tais "agradecimentos" poderiam ter ocorrido de uma forma mais discreta e menos vexatória, não é mesmo?


A direção a cargo da veterana Lô Politi e também da estreante Dandara Ferreira, em termos gerais, é competente, apesar das já mencionadas derrapadas, sobretudo em termos narrativos. A fotografia é boa, bem como o competente trabalho de reconstituição de época da direção de arte. Mas ainda é pouco, muito pouco, dentro do esperado para uma cinebiografia à altura de Gal Costa. Que pena.







ASCENSÃO E QUEDA DO CELULAR QUE MUDOU O MUNDO


por Ricardo Corsetti


Quem, assim como eu, viveu sua juventude no início dos anos 2000, com certeza vai se lembrar deste hoje "artigo de museu" que - sem a menor dúvida - mudou a história da comunicação e, sim, das relações humanas como até então conhecíamos: o BlackBerry, ou seja, o protótipo do que, poucos anos depois, viria a ser conhecido como Smartphone.

Em resumo, o BlackBerry foi o primeiro telefone celular com acesso à internet a surgir na face da Terra, por iniciativa de dois nerds (e até então, melhores amigos) canadenses que, meio que por acidente até, dentro de pouco tempo - sobretudo após conhecerem um, digamos assim, autêntico "lobo de Wall Street" - se tornariam alguns dos homens mais ricos e poderosos da face da Terra.


E olha que quando falamos em acesso à internet - naquele momento, por volta de 2002/2004, época em que as hoje onipresentes redes sociais ainda engatinhavam - isso se resumia, basicamente, ao acesso de e-mails, via celular.


Mas - como quase tudo o que é bom tem curta duração -, pouco tempo depois da ascensão do BlackBerry, veio sua praticamente inevitável queda, seja por conta de suas limitações técnicas, seja pela inegável superioridade de seu concorrente, no caso, o futuramente famigerado e cobiçado "Iphone", recém nascido, o então reinante símbolo de status representado pelo BlackBerry, dentro de pouquíssimo tempo viraria, literalmente, sucata.



Enfim, quanto ao filme propriamente dito, se trata de uma ótima cinebiografia acerca não de uma pessoa, mas sim, conforme acima comentado, de um simples objeto que viria a mudar o mundo.

Dirigido e também coestrelado, com competência, pelo diretor e ator canadense Matthew Johnson (Os Sujos, 2013), BlackBerry possui muitos méritos, tais como: o senso de humor muito peculiar que percorre e conduz toda a narrativa, o ótimo elenco (não formado por celebridades hollywoodianas, aliás) e a honestidade - sem julgamentos ou maniqueísmo - por meio da qual essa interessantíssima história real nos é apresentada.


Incomoda apenas a fotografia um tanto descuidada mas, visto que estamos falando de um filme onde a relevância do tema, bem como a fluência narrativa (que é ótima) devem estar acima de tudo, esse acaba sendo um detalhe meramente "acessório" que, portanto, não chega a comprometer em nada o resultado principal.


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